A imposição do sistema tentando dobrar a personalidade

| quinta-feira, 2 de junho de 2011



“Rebeldia Indomável” transpira Paul Newman em cada segundo, e por mais que pareça exagero tantas afirmações em torno do carisma do grande astro em seu papel mais famoso, o de Luke Jackson, sua presença é tão hipnótica que confirma a idéia de que, hoje, tempos como o de “Cool Hand Luke”não existem mais, porque os grandes astros, da forma como existiam antes, não existem mais ( e não é demérito a todo o talento absurdo de atores como Pacino, DeNiro e outros ), e que exemplos do que acontece aqui no filme de Stuart Rosenberg são únicos. O filme é a apoteose de um ator. Tudo gira em torno dele, tudo é feito por ele, tudo responde a ele.
O Luke de Newman é um rebelde por natureza, preso por um crime insignificante e condenado a dois anos de trabalhos em uma colônia penal rigorosa em suas normas e convenções. O lugar errado para um homem que jamais se dobrou a nenhum tipo de regra, mesmo sem saber ao certo porque ele age assim. Faz parte de sua natureza, ele não pode evitar – como fica claro na conversa que ele tem com sua mãe ( Jo Van Fleet, admirável em poucos minutos em cena, sentada, atingindo um nível de interpretação que muitos atores apenas sonham em uma carreira inteira ). Uma característica indissociável de Luke, que se percebe desde a luta de boxe célebre com Dragline ( George Kennedy, ganhador do Oscar de coadjuvante, enquanto Newman foi indicado pelo desempenho) , primeiro seu desafeto, e pouco a pouco dependente do sopro de vida e inconformidade de Luke. Luke era o filho mais amado ( “Sempre se ama mais a um filho do que a outro”diz sua mãe, com amargor ) mas não correspondeu äs expectativas, simplesmente porque jamais se dobrou a atender à expectativas de ninguém. A presença de uma personalidade forte em um ambiente fechado só pode causar problemas, e causam.

Mas a imposição do sistema tentando dobrar a personalidade do prisioneiro é desafiada com uma simples frase: “Vai ter que me matar!” E como dobrar um homem que se dispõe a comer 50 ovos em uma hora apenas para ganhar uma aposta? Um homem que afirma sem pudores que, em determinadas situações, mais vale a pena não ter nada, nem um ás na manga, mas se sentir livre para fazer a jogada que bem entender?
Essa veia inconformista transpira em cada poro da interpretação de Newman. A ironia do sistema, na figura do diretor da colônia penal, é alegar falta de comunicação ( toda a frase se tornou Cult e popular depois que o Guns n`Roses a usou na íntegra na introdução de uma de suas músicas, “Civil War”). Esse tipo de reação ao sistema e ä sua forma de comunicação e suas normas tornou o personagem de Luke em um ícone do inconformismo. “Me ame, me odeie, mas prove que está aí” grita ele, na chuva, para Deus, esperando uma resposta – que, obviamente, não surge. Esse ressentimento com os rumos da própria vida ainda surgem em uma cena memorável, onde Newman toca e canta "Plastic Jesus" após perder a única pessoa que parecia entendê-lo.


O sorriso de Newman cai como uma luva para transparecer ironia e uma madura sensibilidade ao tema em resposta ao “Ele é nosso”pregado pelos guardas da prisão – a própria encarnação do sistema controlador, representada principalmente pelo chefe dos guardas que nunca mostra seus olhos, sempre se esconde atrás dos óculos espelhadas que refletem o mundo da colônia penal. O sorriso de Luke, ao finalmente se dar conta de que eles – os guardas, a prisão, a vida, o sistema, as regras –“ jamais bateriam nele novamente” sela com chave de ouro uma obra que atesta o esplendor máximo de um dos maiores atores da história do cinema. “Rebeldia Indomável”é essencial.
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Lista - 100 Greatest Southern Rock Songs

| segunda-feira, 30 de maio de 2011
Eu tenho um fraco por listas. Muitas vezes elas ajudam aos novos fans a conhecer as bandas e músicas fundamentais de determinados estilos. Para os conhecedores do estilo, fica a oportunidade de debater o conteúdo da lista com outros membros e quem sabe elaborar sua própria lista!
A lista em questão foi elaborada pelo site DigitalDreamDoor.
PS.: Esta lista destaca os melhores exemplos de canções que exemplificam o Southern Rock. Algumas músicas nunca foram lançadas como singles, mas eram influentes e inspiraram a evolução do Southern Rock
  1. Free Bird - Lynyrd Skynyrd
  2. Ramblin Man - Allman Brothers Band
  3. Sweet Home Alabama - Lynyrd Skynyrd
  4. The South's Gonna Do It Again - Charlie Daniels Band
  5. Can't You See - Marshall Tucker Band
  6. Whipping Post - Allman Brothers Band
  7. There Goes Another Love Song - Outlaws
  8. Dixie Chicken - Little Feat
  9. Flirtin' With Disaster - Molly Hatchet
10. Caught Up In You - .38 Special
11. Midnight Rider - Allman Brothers Band
12. Take The Highway - Marshall Tucker Band
13. If You Want to Get to Heaven -Ozark Mountain Daredevils
14. One Way Out - Allman Brothers Band
15. Green Grass & High Tides - The Outlaws
16. The Devil Went Down to Georgia - Charlie Daniels Band
17. Hold On Loosely - .38 Special
18. Heard it in a Love Song - Marshall Tucker Band
19. Jim Dandy -Black Oak Arkansas
20. Jessica - Allman Brothers Band
21. Train, Train - Blackfoot
22. Fire On The Mountain - Marshall Tucker Band
23. Simple Man - Lynyrd Skynyrd
24. Black Betty - Ram Jam
25. Keep On Smilin' - Wet Willie
26. I'm No Angel - Gregg Allman
27. Gimme Three Steps - Lynyrd Skynyrd
28. Fooled Around And Fell In Love - Elvin Bishop
29. Saturday Night Special - Lynyrd Skynyrd
30. Statesboro Blues - Allman Brothers Band
31. Keep Your Hands to Yourself - The Georgia Satellites
32. What's Your Name - Lynyrd Skynyrd
33. Oh Atlanta - Little Feat
34. Third Rate Romance - Amazing Rhythm Aces
35. Homesick - Atlanta Rhythm Section
36. Southbound - Allman Brothers Band
37. Highway Song - Blackfoot
38. (Ghost) Riders In The Sky - Outlaws
39. Jackie Blue - Ozark Mountain Daredevils
40. Can't Keep Running - The Greg Allman Band
41. Ain't Wastin Time No More - Allman Brothers Band
42. Georgia Rhythm - Atlanta Rhythm Section
43. Bounty Hunter - Molly Hatchet
44. Blue Sky - Allman Brothers Band
45. Miss Understanding - Grinderswitch
46. Hard To Handle - Black Crowes
47. That Smell - Lynyrd Skynyrd
48. Southern Comfort - The Jimmie Van Zant Band
49. Second Chance - .38 Special
50. Tuesday's Gone - Lynyrd Skynyrd
51. Trouble No More - Allman Brothers Band
52. Willin' - Little Feat
53. Uneasy Rider - Charlie Daniels Band
54. Duane's Tune - The Dickey Betts Band
55. I Know A Little - Lynyrd Skynyrd
56. Long Haired Country Boy - Charlie Daniels Band
57. Hot 'Lanta - Allman Brothers Band
58. Battleship Chains - Georgia Satellites
59. Rockin' Into The Night - .38 Special
60. Open Road - Grinderswitch
61. See You One More Time - Marshall Tucker Band
62. Before The Bullets FlyThe Greg Allman Band
63. Dreams I'll Never See - Molly Hatchet
64. On the Hunt - Lynyrd Skynyrd
65. Takin' Up Space - Van Zant
66. Bad Little Doggie - Gov't Mule
67. Party In The Parking Lot - The Jimmie Van Zant Band
68. Travelin' Shoes - Elvin Bishop
69. Left Turn On A Red Light - Blackfoot
70. Gimme, Gimme, Gimme - Blackfoot
71. That's Your Secret - Sea Level
72. Thorn and a Wild RoseThe Greg Allman Band
73. Fire In The Kitchen - Warren Haynes
74. Brickyard Road - Johnny Van Zant
75. Ain't Life Grand - Widespread Panic
76. Feats Don't Fail Me Now - Little Feat
77. Island - The Greg Allman Band
78. Keep Your Hands On The Wheel - Ram Jam
79. Don't Pass Me By - Georgia Satellites
80. Time To Roll - The Dickey Betts Band
81. Rattlesnake Rock 'N' Roller - Blackfoot
82. Mind Bender - Stillwater
83. Shake 'Em On Down - North Mississippi Allstars
84. Coming Home - Johnny Van Zant
85. Goddamn Lonely Love - Drive-By Truckers
86. Don't Misunderstand Me - Rossington Collins Band
87. Countryside Of Life - Wet Willie
88. Grey Ghost - Henry Paul Band
89. Goin' Down South - North Mississippi Allstars
90. Castle Rock - Barefoot Jerry
91. Gator Country - Molly Hatchet
92. Climb To Safety - Widespread Panic
93. Soulshine - Gov't Mule
94. Rock Bottom - The Dickey Betts Band
95. Hit The Nail On The Head - Amazing Rhythm Aces
96. Refried Funky Chicken - Dixie Dregs
97. Champagne Jam - Atlanta Rhythm Section
98. It Hurts To Want It So Bad - Sea Level
99. Searchin' For A Rainbow - Marshall Tucker Band
100. Come On - Southern Bitch
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Lynyrd Skynyrd - Old Rock n Roll

| quinta-feira, 19 de maio de 2011

Lynyrd Skynyrd é uma banda de southern rock estadunidense. Tornou-se conhecida no sul dos Estados Unidos em 1973, ganhando maior notoriedade internacional principalmente após a morte de diversos integrantes, incluindo o vocalista e principal compositor Ronnie Van Zant, em um acidente aéreo ocorrido em 1977 próximo a Gillsburg, Mississipi.

A banda retornou em 1987, tendo como líder Johnny Van Zant, irmão mais novo de Ronnie, e continua a gravar e a se apresentar até hoje. O grupo foi incluído no Hall da Fama do Rock and Roll em 13 de março de 2006.

Informação geral

Origem: Jacksonville, Flórida

País: Estados Unidos

Gêneros:southern rock,hard rock,blues rock,country rock

Período em atividade:1970 - 1977, 1987 - atualmente

Página oficial: Lynyrd Skynyrd.com

Integrantes:Johnny Van Zant (Vocal),Gary Rossington (Guitarra),Rickey Medlocke (Guitarra),Mark Matejka (Guitarra),Robert Kearns (Baixo),Michael Cartellone (Bateria),Peter Keys (Piano/Teclado),Dale Krantz Rossington (Vocal de Apoio)
Carol Chase (Vocal de Apoio)

Ex-integrantes:Ronnie Van Zant (falecido),Allen Collins (falecido),Ed King,Larry Junstrom,Bob Burns,Leon Wilkeson (falecido),Billy Powell (falecido),Steve Gaines (falecido),Artimus Pyle,Randall Hall,Hughie Thomasson (falecido),Ean Evans(falecido)

História

A origem

O núcleo do que mais tarde viria a ser o Lynyrd Skynyrd foi formado em meados de 1964, na cidade portuária de Jacksonville, sul da Flórida. Ronnie Van Zant e um vizinho, Robert Burns (Bob), que tinha uma bateria, se juntaram ao colega de escola Gary Rossington que por sua vez, sugeriu para a então banda em formação o baixista Larry Junstrom.

Faltava a banda de garotos um amplificador. Por ter o aparelho e também tocar guitarra, além de ser colega de escola dos outros integrantes, Allen Collins (Larkin Allen Collins Jr.), então no The Mods, juntou-se à banda iniciante.

Começaram a tocar influenciados por country, rock britânico (Rolling Stones, Yardbirds, Cream) e blues. Os barulhentos ensaios aconteciam na garagem da casa de Burns. "Nos plugávamos nossas guitarras no canal limpo, Ronnie colocava seu microfone no normal - eram os três em um amplificador - e Bob tocava bateria. Foi assim que começamos", disse Gary.

Neste período a banda mudou várias vezes de nome: o primeiro foi My Backyard, seguido por Noble Five, Wildcats, Sons of Satan, Conqueror Worm, Pretty Ones, e One Percent.

O nome Lynyrd Skynyrd surgiria um pouco mais tarde. Durante um show, Ronnie Van Zant anunciou a banda com o nome de Leonard Skinner - o famigerado instrutor de ginástica dos então estudantes Ronnie, Gary e Bob na Robert Lee High School em Jacksonville, que vivia dando suspensão aos garotos por causa dos seus longos cabelos, comportamento que se chocava contra as rígidas normas da escola.

"Nós somos (a banda) One Percent, mas vamos mudar nosso nome esta noite. Todos que quiserem que mudemos para Leonard Skinner, aplaudam!", disse Ronnie. A platéia conhecia o professor e aprovou o nome no ato. Em seguida, os membros substituíram as vogais por Y, segundo Gary, "para preservar a identidade do culpado".

Passaram a ensaiar numa espécie de barracão de madeira e zinco, tão pequeno e quente que foi apelidado pelos integrantes de "Hell House", ao sul de Jacksonville. Foi no calor sufocante da Hell House que o som da banda começou a tomar forma - country, blues e hard rock eram a base sonora do grupo. A despeito das condições severas, a banda estava determinada a ser bem-sucedida, a não perder de vista seus sonhos. Além de músicas próprias, tocavam covers entre outros, de Cream e Creedence Clearwater Revival.

Fazem uma turnê com a banda Strawberry Alarm Clock. A banda começa a ter o nome destacado, estabelecendo-se no sul (Flórida, Tennessee, Geórgia e Alabama) como um bom grupo ao vivo. Neste tempo, juntam-se ao Lynyrd Skynyrd os roadies Dean Kilpatrick e Kevin Elson.

As primeiras gravações

Em 1968, o Lynyrd Skynyrd consegue gravar um single, "Need All My Friends", em "Shade Tree", um título baseado em seu cidade natal. O lado B do single apresenta a canção "Michelle" - uma música que se comparada com o que viria mais tarde, demonstrava o quanto o Lynyrd Skynyrd da época tinha uma sonoridade básica, mas onde já se notavam lampejos de ferocidade futura.

Em outubro de 1970, a banda já contava cinco anos de existência e centenas de apresentações. Como empresário, passaram a contar com Alan Walden, irmão do presidente da Capricorn Records. Alan conseguiu para o Skynyrd a gravação de algumas demos no Quinvy Studios, Muscle Shoals, Alabama. As gravações - com a primeira versão de "Freebird" e outros futuros clássicos - foram concluídas em duas sessões, durante a primavera de 1971.

Neste ano, por um breve período (até o início de 1972), participou da banda Rickey Medlocke, tocando bateria. Ele também contribuiu com algumas composições e chegou até a cantar. Curiosamente, Rickey retornaria ao Skynyrd em 1996 como guitarrista, sendo idolatrado pelos novos fãs.

O baixista Leon Wilkeson entrou na banda no final da segunda sessão, em 1972. Trabalharam como produtores das demos Jimmy Johnson e Tim Smith, que mais tarde seriam homenageados por Ronnie em "Sweet Home Alabama", como "The Swampers".

Também nessa época junta-se a banda o excelente tecladista Billy Powell. Billy entrou para o Lynyrd Skynyrd como roadie. Um dia, ao ouvi-lo tocando piano entre as sessões de gravação, Ronnie perguntou porque nunca havia dito que sabia tocar o instrumento. Powell respondeu que estava feliz com seu trabalho de roadie e não ambicionava tocar com a banda. Mas Ronnie tinha outras idéias bem antes de Billy fazer parte do grupo e o convidou para integrar o Skynyrd.

Powell é o integrante do grupo com melhor instrução formal de música, tendo estudado piano. Apesar de ser basicamente uma guitar-band, o Lynyrd Skynyrd ganhou muito com os teclados - impossível conceber "Freebird" sem a intensa introdução criada por Billy, o belíssimo solo de "Tuesday's Gone" e os arranjos de diversas outras.

O "Southern Rock", com bandas como Allman Brothers Band, Marshall Tucker Band e Wet Willie, estava no auge, assim como de forma geral, o blues-rock, através de bandas inglesas, que beberam da fonte, como o Led Zeppelin e Free (esta uma grande influência ao Skynyrd, tanto da parte do vocalista Paul Rodgers, para Ronnie, e do guitarrista Paul Kossof, para Gary) .

O Lynyrd Skynyrd retornou a Jacksonville e posteriormente, estabeleceu-se em Atlanta, passando a tocar no Funnochio's, um clube barra-pesada, conhecido como o mais perigoso da cidade - algo que em parte, colaborou para a posterior reputação dos membros da banda serem beberrões, encrenqueiros e mal encarados.

A vida pessoal dos integrantes havia mudado: Allen Collins casara-se com Kathy Johns em 1970 e Ronnie - que fora casado brevemente com uma mulher chamada Nadine, e com esta, teve uma filha, Tammy - casa-se novamente em 1972, com Judy Van Zant Jenness, que sempre apoiou a carreira do marido.

O faz-tudo (músico-performer e produtor) Al Kooper, que tinha deixado o Blood, Sweat & Tears, havia criado um selo chamado Sounds of the South com distribuição pela MCA Records. Em turnê tendo o Badfinger como banda de apoio, Kooper nota o Lynyrd Skynyrd em Atlanta e os convida para assinarem contrato com o seu selo. Al Kooper produziu o primeiro disco do Skynyrd no qual tocou diversos instrumentos.

Leon saiu brevemente do Skynyrd neste meio tempo e Ronnie lembrou-se de Ed King, ainda da turnê com o Strawberry Alarm Clock. O gorducho Ed foi convocado para o contrabaixo. Depois, quando retornou, Leon encontrou a formação do Skynyrd estabelecida com nada menos que três guitarristas, imprimindo aquela que seria uma das principais características da banda: o furioso ataque de três guitarras solo.

Allen dividia-se basicamente entre uma Gibson Firebird, uma Explorer com alavanca e uma Fender Stratocaster com braço de Telecaster; Gary usava sua inseparável Les Paul '59, apelidada de "Berniece" e uma SG, e Ed King dava preferência a uma Stratocaster.

O novo formato da banda trouxe boa dose de inspiração e dessa fase de criatividade surgiu "Sweet Home Alabama", que só seria lançada mais tarde.

O disco de estreia

Iniciam a gravação de "pronunced leh-nerd skin-nerd" (em português, "pronunciado leh-nerd skin-nerd"), seu disco de estreia, no estúdio 1 de Doraville, Georgia, tendo Al Kooper como produtor e Rodney Mills como engenheiro de som. Kooper foi praticamente um membro da banda no disco: tocou contrabaixo e mellotron (ouça "Tuesdays Gone"), além de fazer back vocals, sob o pseudônimo de Roosevelt Gook.

Em 1973 assinam com a MCA Records e lançam o "pronunced leh-nerd skin-nerd". Sucesso imediato do disco, apesar de sua longa duração, "Freebird" se tornaria uma espécie de hino, tocando de forma maciça nas rádios. Também se destacaram no trabalho "Gimme Three Steps", "Simple Man" e "Tuesday's Gone". Para muitos, o melhor disco do Skynyrd.

Pete Townshend, guitarrista do The Who, assiste a uma apresentação do Skynyrd, gosta do que vê e convida a banda para abrir os shows do Who durante a turnê Quadrophenia. Na noite de 20 de novembro de 1973, um aterrorizado Lynyrd Skynyrd, que só havia tocado em pequenos bares e clubes, enfrentou a platéia do Cow Palace, em San Francisco, temendo o pior - o público do Who em geral hostilizava outras bandas. Resolveram tocar "o mais bêbados possível". Mas foram bem recepcionados.

O centro das atenções era Ronnie, que entrou no palco de pés descalços, brandindo o microfone como se fosse uma vara de pescar e rugindo suas canções de abandono, desespero, estrada e birita.

Uma análise das letras de Ronnie Van Zant indica que ele sempre as apoiava sob questões contraditórias. A tensão entre a fé e o desespero, entre a procura pela liberdade e segurança de um lar, entre o pecado e a salvação, seria tema central das letras de Ronnie durante o resto da sua vida. Um dilema que ele nunca buscou resolver, talvez porque soubesse que nunca teria uma resposta definitiva.

O segundo disco

As sessões de gravação de "Second Helping", em janeiro de 1974, no Record Plant, começaram turbulentas. "O problema é que nós estávamos no estúdio 1, os Eagles (The Eagles) estavam no outro, Stevie Wonder estava gravando no terceiro, e John Lennon e Jackson Browne estavam ao redor. A banda se sentiu nervosa um bocado de tempo, especialmente no dia em que John Lennon esteve em nossa sala de controle. Eles ficaram congelados - foi o fim do trabalho naquele dia" - Kevin Elson.

Também havia a pressão para que produzissem outro clássico como "Freebird". Ronnie sugeriu que "Sweet Home Alabama" poderia ser o tão aguardado hit, mas Kooper e a MCA achavam que "Alabama" era muito "regional" e optaram por lançar como música de trabalho do disco "Don't Ask Me No Questions". Esta escolha revelou-se equivocada, mas com o posterior lançamento de "Alabama" - ácida resposta a canção "Southern Man", de Neil Young - a situação se reverteu: lançada em junho de 1974, "Sweet Home Alabama" chegou ao número 8 nas paradas fazendo com que "Second Helping" recebesse disco de ouro.

O sucesso de "Alabama", apesar da polêmica letra, teve outra conseqüencia: identificou o Skynyrd como uma "Southern Band": a MCA decidiu acrescentar aos palcos nos shows da banda a bandeira confederada, completando a imagem. A concepção comum era que Ronnie e seus companheiros não passavam de uns reacionários, mas a verdade é que a letra de "Alabama" e de outras canções semelhantes em temática expressava as frustrações e aspirações de todos os residentes no sul.

E "Alabama" não era bem o que parecia ser: Ronnie disse certa vez que era uma piada, uma brincadeira com Neil Young, fato reforçado por uma declaração de Gary: "Nós amamos Neil Young. Ele é um grande cara, um grande músico e um grande letrista". Várias fotos mostram Ronnie com uma indefectível camiseta negra na qual aparece Young - homenagem mais explícita, impossível.

A turnê da tortura

Os excessos da turnê subseqüente minaram a saúde do batera Bob Burns que "pendurou as baquetas", após uma série de shows pela Europa, cedendo lugar ao excelente Artimus Pyle. Para muitos, mesmo com a fundamental contribuição de Burns em vários dos clássicos da banda, Pyle é o baterista do Lynyrd Skynyrd.

Quando a banda entrou no Webb IV Studios, em Atlanta (janeiro de 1975) tinha apenas uma canção pronta - "Saturday Night Special" - ainda com participação de Burns. Em vinte e um dias, trabalhando dezesseis horas por dia, eles só conseguiram terminar pouco mais de sete canções, mas a qualidade do material não correspondeu aos trabalhos anteriores. Por essa razão Ronnie chamou o disco de "Nuthin' Fancy".

Ainda assim este disco atingiria o número 9 das paradas reservando ouro ao Skynyrd. Single do trabalho, "Saturday Night Special" se tornou clássico imediato nos shows e uma crítica de Ronnie ao que de certa forma, a banda era acusada por muita gente.

Teria início a famigerada "Torture Tour", ou "Turnê da Tortura", como a apelidaram os integrantes do Lynyrd Skynyrd. Apesar do sucesso comercial, a excursão foi marcada por brigas, quartos de hotel destruídos, performances desastradas, e datas canceladas. Para completar, Ed King saiu da banda, por problemas pessoais. Allen e Gary tiveram de dividir as partes de guitarra que Ed tocava durante as restantes seis semanas da "Turnê da Tortura".

Disse Ronnie sobre a turnê: "Nós tinhamos garrafas de Dom Perignon, whiskey, vinho e cerveja...Nós não seríamos capazes de lembrar da ordem das músicas. Fizemos o Who parecer com garotos indo para a igreja domingo..."

A imprensa, claro, deitou e rolou, tachando os caras como um punhado de rednecks bêbados e loucos. Isso irritava Ronnie, que buscaria retrabalhar a imagem do Lynyrd Skynyrd.

Para o quarto álbum, foi convocado o produtor Tom Dowd, que havia trabalhado com Aretha Franklin, Ray Charles, em "Layla" (Eric Clapton), e no "Allman's Live at the Filmore East"(Almann Brothers Band). Apesar da mão segura de Dowd, "Gimme Back My Bullets" (1975) nome do disco, foi muito criticado e é tido (por boa parte dos críticos) como o mais fraco da carreira da banda. Na época, o característico "exército de guitarras" estava reduzido a dois instrumentos; o tempo para gravação tinha sido escasso (tinham tido anos para compor o repertório dos dois primeiros discos, mas o terceiro e quarto foram virtualmente escritos no estúdio). De qualquer forma "Bullets" alcançou o Top 20 garantindo o quarto ouro consecutivo da banda.

Logo após, os shows ao vivo da banda passaram a contar com o backing vocals das maravilhosas Honkettes - Jo Jo Billingsley, Leslie Hawkins e Cassie Gaines.

Steve Gaines

Em 1976 a coisa andava meio braba para o Lynyrd Skynyrd. Mesmo com o tremendo sucesso da banda, Ronnie cogitou deixar o Skynyrd. Estava com problemas de saúde devido as infindáveis turnês e também em parte pelo nascimento de sua segunda filha, Melody, em setembro, o que o levou a reavalir sua vida e suas prioridades. Gary e Allen o demoveram da idéia e a adição do guitarrista Steve Gaines, e a banda afastou definitivamente a intenção de Ronnie deixar o LS. Além disso, ele escreveria algumas de suas melhores canções.

Antes do início das gravações do próximo álbum, em julho de 1976, a banda resolveu procurar um substituto para Ed King. Entre os nomes cogitados surgiram o de Wayne Perkins e até o de Leslie West (ex-Mountain, em comum com King o fato de ser gorducho e ótimo guitarrista). Mas as opções se revelaram frustrantes - West queria que a banda passasse a ser chamada de "Leslie West e Lynyrd Skynyrd".

Foi quando Cassie Gaines lembrou aos membros da banda que seu irmão mais novo, Steve Gaines tocava guitarra e que este poderia fazer uma jam com o LS. A idéia não agradou a principio. "Ninguém faz jams conosco", disse Gary. "Mas ela (Cassie) nos convenceu a lhe dar uma chance. Então ele juntou-se a nós no palco uma noite, sem tem ensaiado ou qualquer coisa, e quando começou a tocar, Allen e eu olhamos um para o outro e nossos queixos caíram", acrescenta.

Vencida a "resistência" inicial dos integrantes do LS, Steve Gaines, juntou-se ao Lynyrd Skynyrd trazendo com sua atitude e energia positiva um impacto tremendo sobre a banda, especialmente sobre Allen Collins, que passou as partes da terceira guitarra para o novato Gaines. "Ele nos inspirou tremendamente. Ele era um grande cantor também e poderia ter chutado um pouco o traseiro de Ronnie", brincou Gary.

Gaines conhecia o trabalho do LS - costumava tocar "Saturday Night Special" com sua banda anterior, Crawdaddy - mas ele teve apenas um mês de ensaios antes das gravações do novo disco terem inicio.

Mas o "batismo de fogo" de Steve Gaines foi sem dúvida os shows que resultaram no disco duplo "One More From The Road", lançado em 1976. Como parte da mudança de imagem que Ronnie queria para o Lynyrd Skynyrd, eles se engajaram na campanha "Save The Fox", para preservar um tradicional teatro de Atlanta, na Geórgia. Eles encararam a defesa do teatro chegando a receber título de cidadãos honorários de Atlanta.

O disco foi gravado em três shows no Fox Theatre com produção de Tom Dowd. Vendeu horrores - sendo inclusive lançado no Brasil - apresentando performances arrasadoras para os principais clássicos da banda e para "Crossroads", do bluesman endiabrado Robert Johnson. Ronnie e seus companheiros tinham sempre amado a paixão crua do blues de Johnson e outros pioneiros, lutando para capturar esta energia em suas próprias canções. E como os bluesmen do passado os membros do Skynyrd tinham dedicado suas vidas para sua música.

A versão ao vivo de "Freebird", com a frase introdutória de Ronnie, "Que canção vocês querem ouvir?" - sobe nas paradas.

Ainda em julho, tocam em benefício da campanha do candidato a presidente Jimmy Carter. Em agosto, se apresentam no Knebworth Fair, na Inglaterra, performance que bem mais tarde (vinte anos depois para se exato) apareceria no filme "Freebird - The Movie". Conquistam a platéia e a faz praticamente esquecer dos Rolling Stones.

Num final de semana de setembro de 1976, os guitarristas Gary Rossington e Allen Collins ficam feridos em dois acidentes de carro distintos. O episódio seria tema para a letra de "That Smell", escrita e apresentada durante a turnê seguinte ao lançamento de "One More From The Road". Como resultado dos acidentes, a banda foi forçada a dar um tempo, o que resultou na imagem mais calma que Ronnie queria engendrar.

Os sobreviventes

A excitação gerada pelo sucesso do álbum ao vivo e pelas excursões se refletiram na produção do próximo disco. A banda entrou no Criteria Studios em Miami, com o produtor Tom Dowd, em abril de 1977, com material suficiente para completar um disco. Mas os integrantes não gostaram dos primeiros resultados das sessões.

A turnê do LS durante o verão de 1977 foi sucesso absoluto. Ao final da turnê, a banda entrou no Doraville's Studio One para terminar o álbum iniciado no Criteria. Dowd estava comprometido com um projeto em Toronto e enviou o engenheiro Barry Rudolphy em seu lugar.

Certa vez Ronnie havia dito que o Lynyrd Skynyrd era formado por "pessoas das ruas". A partir disso e da sua reputação de encrenqueiro, surgiu o título do álbum, "Street Survivors" (Sobreviventes das Ruas). Ele contém alguns dos mais concisos temas escritos por Ronnie, em parte porque a MCA havia decretado que o álbum deveria produzir ao menos três hits - no caso, com não mais que três minutos de duração.

"Street Survivors" seguiu a carreira de sucesso dos outros discos, sendo o primeiro a obter ouro em seu lançamento. Tudo indicava que seria o mais popular em 12 anos de carreira, por confirmar o trabalho uma banda madura e coesa. A capa, que mostrava o LS cercado por chamas, se tornaria num icone americano. Hits instantâneos, como "That Smell", e "What's Your Name" e uma crescente participação de Gaines que brilha em várias faixas e chega até a assumir os vocais em "You Got That Right".

Aparentemente o Lynyrd Skynyrd teria anos de glória pela frente. A banda iniciaria em novembro, no Madison Square Garden, sua mais ambiciosa turnê - "Tour Of The Survivors". "Street" foi lançado em 17 de outubro de 1977. Três dias depois, a surpresa de um destino que, para os mais céticos, havia sido prenunciado pelo próprio Ronnie Van Zant, em suas canções.

Ronnie tinha vinte e nove anos quando morreu no acidente aéreo. E havia escrito na canção "All I Can do is Write About It" (a preferida de sua filha Melody): "Eu posso ver o concreto rastejando lentamente. Senhor, me leve antes que ele chegue".

O último voo

Em outubro de 1977 o Lynyrd Skynyrd se encontrava num ponto alto de sua carreira. A revigoração do grupo com a entrada de Steve Gaines, uma série de shows antológicos - fase bem representada pelo concerto em Knebworth no ano anterior - e a ótima receptividade ao álbum "Street Survivors" reforçavam o excelente período pela qual passava a banda.

Decidem trocar o ônibus utilizado nas turnês por um pequeno avião modelo Convair 240 manufaturado em 1947. O avião, apelidado de "Free Bird", facilitaria as viagens daquela que prometia ser uma movimentada turnê e que em breve teria inicio.

No dia 20 de outubro, a banda tinha como compromisso um show no Lousiana State University, Baton Rouge, Lousiana. O Convair, com 26 pessoas - a banda, sua equipe e dois tripulantes - levantou vôo de Greenville, Carolina do Sul, no final da tarde. Por volta das 18h42 o avião apresentou problemas e começou a perder altitude. Um dos motores parou durante o vôo, e os pilotos tentaram transferir o combustivel restante para o outro motor, sem efeito. Ou antes, o procedimento teve um resultado: esgotou de forma mais rápida o combustível que restava, parando o segundo motor. O avião começou a cair rapidamente. O piloto ainda tentou desviar para um aeroporto próximo, mas as asas começaram a colidir contra as árvores mais altas.

Quando perceberam que o avião estava caindo, Van Zant agarrou um travesseiro de veludo vermelho e deu um aperto de mão em Artimus Pyle, segundo este contou (o baterista foi um dos poucos sobreviventes que não perdeu a consciência). "Ele olhou para mim e sorriu, como apenas ele conseguia sorrir, falando para não me preocupar, com seus olhos castanhos dizendo 'Bem, é hora de ir, parceiro'. Dois minutos depois ele estava morto com um ferimento na cabeça".

O avião caiu em uma densa floresta, em uma área pantanosa próxima a Gillsburg, McComb, Mississipi. Na colisão, o avião partiu-se no meio. O guitarrista Steve Gaines, o roadie manager Dean Kilpatrick, o piloto Walter MacCreary e o co-piloto William Gray morreram na hora. Ronnie foi arremessado contra a fuselagem do avião sofrendo traumatismo craniano. Também faleceu instantaneamente. De acordo com relatos de Pyle e do tecladista Billy Powell, Cassie Gaines sofreu um profundo ferimento na garganta e sangrou até a morte em seus braços.

"Após o acidente, o empresário da banda alugou dois aviões e nos levou ao local em McComb. Eu continuava não acreditando. Eu não acreditei quando voltei para casa, continuei não acreditando após o funeral e por um longo tempo depois", disse Judy Van Zant Jenness, viúva de Ronnie.

Como geralmente acontece nesses casos, a tragédia resultou em maior exposição do Skynyrd e na venda de milhares de discos. Alguns dias após o acidente, Teresa Gaines, viúva de Steve, pediu a MCA que substituísse a capa de "Street Survivors" - que apresentava chamas ao fundo, as quais envolviam especialmente a imagem de Steve, certamente algo que assumiu um novo e triste simbolismo após o acidente.

Os corpos de Steve Gaines e de sua irmã Cassie Gaines foram cremados e as cinzas sepultadas no cemitério Jacksonville Memory Garden. Ronnie foi sepultado no mesmo cemitério, juntamente com seu chapéu Texas Hi-Roller negro e sua vara de pescar favorita. Cento e cinquenta amigos e familiares participaram do serviço fúnebre, marcado pela mensagem do ministro David Evans, de que Ronnie Van Zant, o carismático e visionário vocalista do Lynyrd Skynyrd não estava morto; ele vivia em espírito no céu e terra, através de sua música.

O depois

Neste ponto, o Skynyrd transcendia o status de banda de Southern Rock para se transformar em um mito. Acredito também que este é epílogo de uma grande banda. O que veio depois, até os novos fãs precisam admitir, não pode ser comparado ao que foi o Lynyrd Skynyrd em priscas eras. De qualquer forma, poucos meses depois do acidente, foi lançado um single de "What's Your Name?" que alcançou a 13ª posição nas paradas seguido de outro single de sucesso, com a música "You Got That Right". O disco "Skynyrd's First...and Last", apresentando músicas gravadas entre 1970 e 1972, mas não lançadas oficialmente, obtém disco de platina.

Dois anos após o acidente, em 1979, os membros sobreviventes da banda, com exceção do batera Artimus Pyle (que quebrara o braço em um acidente de moto) se reúnem em um novo grupo, chamado Rossington-Collins Band. Participa da banda a vocalista Dale Krantz - backing vocal da banda .38 Special, do irmão de Ronnie, Donnie Van Zant. Dale mais tarde se casaria com Gary Rossington.

Sai a coletânea dupla "Golden & Platinum", que chega ao Top 15 e também recebe platina, sendo o quarto álbum consecutivo da banda a receber essa distinção. O álbum de estréia da Rossington-Collins Band, "Anytime, Anyplace, Anywhere" tem como destaque o single "Don't Misunderstand Me", e alcança ouro.

Depois do segundo álbum, "This Is The Way" a Rossington-Collins Band, apesar do relativo sucesso, se desfaz - durante um show, talvez ainda desorientado com a morte recente de sua esposa, Kathy Johns, Collins colocou sua guitarra no chão e saiu do palco, não mais retornando. Rossington forma a Rossington Band e Collins a Allen Collins Band.

Mas o elétrico e ainda inexplicavelmente subestimado guitarrista Allen Collins - que segundo Pyle, foi "a pessoa mais honesta" que ele conheceu - ainda viveria anos de muito sofrimento.

Allen Collins

Tido por muitos como o coração do Lynyrd Skynyrd - sendo Ronnie a alma do grupo - o guitarrista Allen Larkin Collins celebrizou-se pelo seu furioso solo em "Freebird" e junto ao vocalista, compôs boa parte dos clássicos do LS, dentre eles "Tuesday's Gone", "Comin' Home", "The Ballad of Curtis Loew", "Gimme Back My Bullets" e "That Smell", além da citada "Freebird". Injustificável que um grande compositor e guitarrista competente como Collins seja esquecido principalmente pelas publicações especializadas em guitarra.

Estereótipo perfeito de um rocker setentista - cabelos longos e desgrenhados, alto e de magreza extrema - Collins tornou célebres suas performances durante as músicas - dava saltos incríveis durante os solos, demonstrando vitalidade e o prazer de tocar.

Allen correu o risco de ter o braço esquerdo amputado devido a uma infecção decorrente do acidente aéreo, medida que os médicos tomariam caso não fossem proibidos pelo pai do guitarrista, que acreditou na recuperação do filho. Mas o acidente de avião na qual Collins assistiu seus melhores amigos morrerem e ele próprio ter ficado à beira da morte, não seria a primeira e nem a única atribulação da sua vida. Para alguns, pareceu que ele inconscientemente estava seguindo o caminho de seus colegas desaparecidos.

Durante os primeiros dias da turnê do disco "Anytime, Anyplace, Anywhere" em 1980, a esposa de Collins, Kathy Johns, morreu de complicações durante a gravidez. A morte de Kathy, que forçou o cancelamento da turnê, devastou o guitarrista, ainda emocionalmente abalado pela perda recente de seus amigos no acidente. Houve quem diga que depois da morte da esposa, Collins nunca mais foi o mesmo.

De qualquer forma, ele ainda buscava na música um alívio para suas dores. Após o fim da Rossington Collins Band, ele formou a Allen Collins Band (com participação de ex-integrantes do Skynyrd) e lançou um disco pela MCA, "Here, There and Back", em 1983. Apesar da consideravel aprovação dos fãs, o então chefe da companhia, Irving Azoff, dispensou Collins afirmando que não queria mais nenhum negócio com ele.

Collins tocaria em jams com outras bandas e também com os ex-companheiros do Lynyrd Skynyrd - fotos de 1984 mostram o guitarrista barbudo, ao lado de Gary, com uma inequívoca melancolia no olhar.

Em janeiro de 1986, nova e definitiva tragédia: quando dirigia embriagado perto de sua casa seu novo Ford Thunderbird, Collins perdeu o controle do veículo, colidindo violentamente. Sua namorada, Debra Jean Watts, que o acompanhava, morreu na hora e ele ficou paraplégico. Os ferimentos ainda limitaram a parte superior do corpo e braços, o confinando a uma cadeira de rodas. Impossibilitado de tocar guitarra, sua carreira havia terminado.

No ano seguinte, 1987, Collins e seu pai Sr. Larkin Collins, tiveram a idéia de um tributo ao Lynyrd Skynryd, de forma a rememorar os dez anos do acidente de avião. Eles convocaram os membros originais - Gary Rossington, Leon Wilkeson, Billy Powell, Artimus Pyle, Ed King - que se uniram a Johnny Van Zant, e no lugar do próprio Collins, foi chamado o guitarrista Randal Hall (ex-Allen Collins Band). A turnê rende um disco ao vivo, o "Southern by the Grace of God", e um vídeo-documentário.

Collins trabalhou na turnê como uma espécie de diretor musical, escolhendo as músicas, elaborando os arranjos e cuidando de outros detalhes dos shows. Parte da sentença do guitarrista pelo acidente de carro foi usar sua fama e influência para prevenir jovens do perigo de se dirigir bêbado. Antes de se desentender novamente com Rossington e outros membros da banda, Allen usou a turnê tributo para ir ao palco e dizer aos fãs a razão de não poder mais tocar com o Skynyrd - uma mensagem da qual os fãs jamais esqueceriam.

A turnê tributo foi uma grande sucesso, mas é possível imaginar a dor pela qual passou o guitarrista ao assistir a banda tocando sem que ele pudesse participar. Afinal, o Lynyrd Skynyrd também tinha sido sua vida.

Juntamente com Bill Massey Jr, Collins concebeu o evento Wheelchair Games and Benefit Concerts. Atualmente, Bill mantém um site na internet e uma entidade, a "Roll for Rock", dedicada a pessoas com necessidades especiais que dependem de cadeiras de rodas.

Em 1989 as condições de saúde do guitarrista, principalmente as respiratórias, se deterioraram em função da paralisia. Ele foi hospitalizado em setembro, mas os remédios utilizados para combater uma pneumonia pioraram ainda mais sua saúde. Larkin "Allen" Collins resistiu até janeiro do ano seguinte, 1990: no dia 23, ele faleceu aos 37 anos. Seu corpo foi sepultado no Riverside Memorial Garden, em Jacksonville, ao lado da sepultura de sua esposa Kathy Johns.


Hoje

Em 1990 a ex-esposa de Ronnie, Judy, e a filha de ambos, Melody, fundaram a Freebird Foundation Inc, em memória ao cantor do Lynyrd Skynyrd.

Originalmente a fundação tinha por objetivo arrecadar fundos para a construção de um parque memorial a Van Zant. Depois da construção do parque, a Freebird Foundation se voltou para outras ações, como programas escolares em benefício de estudantes locais.

Se já era inconcebível um Lynyrd Skynyrd sem Ronnie Van Zant e Steve Gaines, sem Allen Collins se tornava patente, pelo menos aos velhos e mais radicais fãs, que a banda não poderia continuar.

Mas continuou, para lamento de alguns, curiosidade de outros e apesar dos pesares, grande interesse de terceiros. Em 1991 lançam um disco chamado "Lynyrd Skynyrd 1991", com Johnny Van Zant, no lugar de Ronnie, e Ed King de volta a guitarra.

Lançaram os seguintes discos desde então: "The Last Rebel", "Endangered Species", "Twenty", "Lyve From Steel Town", "Edge of Forever", "Double Trouble", "Then & Now", "Christmas Time Again" e " God & Guns ". Houve algumas mudanças de formação (a mais significativa foi a saída de Ed King, novamente por problemas de saúde e o retorno de Rickey Medlocke, desta vez tocando guitarra!). Em 1996 é lançado o excelente documentário "Freebird...The Movie", com cenas inéditas da banda (O Filme).

Em julho de 2000 alguns vandalos tentaram violar o túmulo de Ronnie Van Zant e chegaram mesmo a quebrar a urna com as cinzas de Steve Gaines, que em parte foram espalhadas. Os restos foram novamente sepultados em local não divulgado, mas a policia não identificou nem prendeu as pessoas que cometeram tal ato.

Em 1996, saiu o documentário Freebird...The Movie, com cenas inéditas da banda e toda a sua história. A gravadora MCA relançou recentemente o clássico ao vivo One More From The Road, de 1976, com 10 faixas extras, além de mais uma infinidade de coletâneas e ao vivos.


No dia 27 de julho de 2001, mais uma triste notícia para os fãs: o baixista Leon Wilkeson faleceu "de causas naturais", em Jacksonville, aos 49 anos. O Lynyrd Skynyrd estava em turnê com Ted Nugent e Deep Purple e planejava mais um álbum inédito. A banda, porém, continua na estrada.

No dia 14 de março de 2006, o Lynyrd Skynyrd entra para o Hall da Fama do Rock and Roll com direito a uma apresentação especial com a música "Sweet Home Alabama", executada por Bob Burns na bateria, Artimus Pyle na percussão, Ed King na guitarra e JoJo & Leslie (Honkettes originais) nos backing vocals. Além deles o vocal ficou por conta de Johnny Van Zant e Kid Rock. Ainda em 2006, a banda teve seu "hino" "Free Bird" presente no game Guitar Hero 2, sendo esta a música mais difícil do jogo.

Em 2008 o Lynyrd Skynyrd anunciou em seu site oficial que estava em processo de gravação de um novo álbum. O lançamento está programado para o começo de 2009.

Em 28 de janeiro de 2009 o tecladista Billy Powell (56 anos) morreu em sua casa em Orange Park, Flórida. Suspeita-se que o motivo teria sido um ataque cardíaco.

Em 07 de maio de 2009 o baixista Donald “Ean” Evans morreu de câncer em sua casa no Mississippi. O músico tinha 48 anos. Ele fazia parte da banda desde 2001, quando substituiu Leon Wilkeson, que morrera em um quarto de hotel naquele ano. Ean Evans já estava fora dos planos da nova turnê mesmo antes mesmo de seu falecimento, pois não tinha mais condições de sair de casa por causa do câncer.

Os substitutos de Billy Powell e do Ean Evans são, respectivamente, Peter "Keys" Pisarczyk (ex-George Clinton's Parliament Funkadelic) e Robert Kearns.

Curiosidades

* Em Jacksonville, quando de folga das turnês, Ronnie e Gary costumavam acordar bem cedo para ir pescar. A tranquilidade de uma pescaria era como um escape para as pressões do showbizz e da vida na estrada. Ao contrário de outros rockstars cheios de manias, os caras do LS mantiveram os mesmos hábitos anteriores à fama.

* Ronnie Van Zant conheceu Bob Burns em 1964 numa cabeçada que deu no baterista durante uma partida de baseball.

* Gary e Allen sofreram dois acidentes de carro distintos em 1976 - para muitos um presságio do que ainda viria pela frente. Como uma espécie de resposta aos acidentes, e a problemas com álcool e drogas, Ronnie e Allen compuseram "That Smell", presente em "Street Survivors".

* A principal guitarra de Gary, uma Gibson Les Paul ’59, apelidada de "Berniece" em homenagem a mãe do guitarrista, sofreu uma queda durante as sessões de gravação de "Street Survivors". O headstock (paleta) quebrou ficando sustentado apenas pelas cordas. Ao ver o estrago Gary caiu no choro e achou impossível que alguém a consertasse. Mas um luthier conseguiu reparar o problema.

* Sucesso maior do grupo, "Freebird" surgiu de uma bela seqüencia de acordes bolada por Allen. Ronnie acrescentou melodia e letras. "Ele escreveu a letra toda em três ou quatro minutos" - Gary. Durante as primeiras apresentações, Ronnie pedia a Allen e Gary que estendessem mais os solos da música. "Não está longo o bastante. Façam mais longo!" dizia Ronnie.

* Uma das primeiras performances públicas da música em sua versão final foi durante a festa de casamento de Allen Collins. Este fez o overdub de um segundo solo, na versão de estúdio, criando o famoso duelo de guitarras que coroa a música. Ao vivo, as três guitarras - Gary no slide, Ed e mais tarde Steve na base e solos e Allen nos solo principal - reproduziam fiel e furiosamente a canção, geralmente pontuada com um eletrizante rave-up (técnica bolada pelos Yardbirds) e uma seção ritmica que remetia ao "bolero" (bastante similar a do final de "Beck's Bolero")

* Em "Freebird", Gary Rossington afinou a segunda corda de sua guitarra em Sol, igualando com a terceira corda. Ele disse que fez isso para encorpar mais o som do slide. Para este efeito foi utilizada uma chave de fenda. A guitarra usada foi uma Gibson Les Paul/SG '61. Outro truque foi usar cordas mais grossas (0.17 gauge G) no lugar da terceira e segunda cordas. "Lembro que eu queria algo um pouco diferente do mesmo velho som de guitarra slide, então eu fiz com esse tipo de invenção", disse.

* Ao vivo ele usava um vidro de Coricidin (como antes fizera sua confessa influência, Duanne Allman) como slide.

* A música, sempre citada como uma homenagem a Duanne Allman, do Allman Brothers, é uma das mais executadas nas rádios americanas. Já teria sido tocada segundo estimativas da BMI pelo menos 2 milhões de vezes desde seu lançamento.

* Prova do quanto "Freebird" se tornou um hino é o curioso de alguns gaiatos em qualquer show pelo mundo (pode ser show de quem for, da cantorazinha pop, ao grupo de metal) de pedir "Freeebird!!!" da platéia!

* A capa de "Street Survivors" mostrava a banda rodeada por chamas e foi fotografada no Universal Studios de Hollywood. Após o acidente na qual morreram Ronnie, Steve, Cassie e Dean, a esposa de Steve Gaines, Teresa, pediu a gravadora que substituisse a capa. Hoje o disco com a capa original vale algumas centenas de dólares.

* O chapéu que Ronnie usava e se tornou sua marca registrada é fabricado pela empresa Texas Hatters. Seu modelo é o Hi-Roller.

* O Lynyrd Skynyrd fez sua última apresentação com Ronnie, Steve e Cassie Gaines no dia 19 de outubro de 1977, no Greenville Memorial Auditorium, em Carolina do Sul.

* Segundo a estimativas, o LS já vendeu durante as quase três décadas de carreira fonográfica, mais de 30 milhões de discos. No Brasil, a banda ainda é pouco conhecida.

* Pesquisa da revista Guitar World (edição de setembro de 1998) junto aos leitores considerou que "Freebird" apresenta o terceiro melhor solo de guitarra de todos os tempos. Em primeiro, deu Zep com "Stairway to Heaven".

* O Lynyrd Skynyrd foi eleito numa pesquisa do canal americano VH1, especializado em música, a 71ª maior banda de hard rock de todos os tempos. Em primeiro deu Led Zeppelin e até bandas que nada tem a ver com hard rock - caso de Jethro Tull, Yes, Pink Floyd e The Doors também constavam da lista.

* Billy Powell trabalhava como roadie para o LS. Um dia, enquanto tocava piano, Ronnie se surpreendeu e perguntou porque ele nunca havia dito que sabia tocar. Powell, que teve aulas do instrumento, disse que estava satisfeito com seu trabalho de roadie. Mas Ronnie o convidou para integrar a banda. Uma de suas primeiras e grandes contribuições foram as bonitas partes de piano e órgão em "Freebird".

* Dentre as várias bandas que já fizeram covers do LS estão o Dream Theater (Freebird) e Metallica (Tuesday's Gone).

* Versos de "Freebird" aparecem em um medley com a música "Baby I Love Your Away" (Peter Frampton) na versão do grupo pop Will To Power. Não por acaso, a música, lançada em 1988, foi o maior sucesso comercial do grupo.

* "Sweet Home Alabama" é presença constante em shows de bandas de bar pelos EUA afora.

* Outro grande fã do LS é o guitarrista Zakk Wylde, que inclusive montou uma banda calcada no Southern Rock. "O Lynyrd Skynyrd me fez querer tocar guitarra", disse.

* Há uma citação ao Skynyrd no filme "Con Air". Rola "Sweet Home Alabama" no avião na qual estão os criminosos e um deles, o hilário psicopata interpretado por Steve Buscemi, comenta da "ironia" de um bando de malucos (os bandidos) dançarem dentro de um avião a música de uma banda cujo avião caiu.

* A banda Stillwater, do filme "Quase Famosos", é em parte baseada no LS, segundo o diretor e jornalista musical Cameron Crowe, que acompanhou a carreira da banda como repórter pela revista Rolling Stone. Na trilha do filme está presente a balada "Simple Man".

* "Alabama..." e "Freebird" também estão presentes na trilha do filme "Forrest Gump".
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EMI lança material inédito do Pink Floyd

| sexta-feira, 13 de maio de 2011

A lendária banda, que continua sendo uma das mais icônicas e bem sucedidas de todos os tempos, assinou recentemente um acordo com a EMI, o que permitiu o desenvolvimento de um programa contendo material de arquivo coletado durante o extensivo processo entre Pink Floyd e EMI em uma variedade de formatos de mídia.
Os lançamentos, sob o nome de Why Pink Floyd…?, foram desenvolvidos para agradar uma grande quantidade dos fãs, com músicas para seduzir os que vão escutam pela primeira vez, enquanto os box sets super-deluxe irão atender aos mais dedicados fãs, permitindo-lhes uma imersão nos sets contendo takes alternativos, faixas inéditas, filmes restaurados exibidos durante os shows e uma gravação do lendário show ao vivo do The Dark Side Of The Moon em Wembley, em 1974.

Uma série de experiências auditivas foram especialmente criadas para este lançamento: juntamente com os CDs remasterizados chamados ‘Discovery’ e os ‘Immersion’ CD / DVD / Blu-ray / box sets haverá também uma série chamada ‘Experience’ Editions – um álbum clássico junto a outro com conteúdo aprofundado deste álbum para oferecer uma experiência auditiva mais profunda.

Roger Faxon, CEO of EMI Group, disse: “este é um trabalho colaborativo único ente a EMI e uma das mais criativas e influentes bandas da história. Nós trabalhamos juntos por mais de um ano neste programa que incorpora todos os elementos que fizeram do Pink Floyd uma das forças mais inspiradoras da música moderna. Por que Pink Floyd? Porque sua música é única e estes novos lançamentos permitirão aos fãs redescobrirem este incrível legado e demonstrar que apreciação por qualidade artística nunca esta fora de moda.”

Storm Thorgerson, o diretor de arte da banda por muitos anos, supervisionou a parte gráfica, incluindo novos livretos para todos os CD’s, nova arte para os box-sets e menus dos DVD. O fotógrafo Jill Furmanovsky editou o livro original com fotos inéditas da banda. Os colaboradores do Pink Floyd, James Guthrie (nos EUA) e Andy Jackson (no Reino Unido) foram os responsáveis pela remasterização digital sob os mais altos padrões de áudio e audiovisual

Lana Topham, responsável por arquivar os filmes do Pink Floyd, supervisionou a restauração meticulosa de muitos filmes históricos da era clássica do Pink Floyd, incluídos nos box sets ‘Immersion’ de ‘The Dark Side Of The Moon’ e de ‘Wish You Were Here’.

Primeiramente, serão lançados, em 26 de Setembro de 2011, a versão de luxo de The Dark Side Of The Moon com 6 discos no ‘Immersion’ box set e a versão especial ‘Experience’ contendo 2 discos, bem como o vinil de colecionador e vários formatos digitais. Mais 14 álbuns de estúdio, remasterizados digitalmente estarão disponíveis separadamente ou em um box set.

Outras iniciativas incluem um plano de marketing digital utilizando conteúdo gerado pelo usuário, permitindo que os fãs possam fazer suas próprias contribuições para a música da banda, alem de aplicativos de Iphone que darão uma perspectiva única sobre o legado gravado pelo Pink Floyd.

No mês seguinte, em 7 de novembro de 2011, a segunda fase do processo incluirá outros dois lançamentos: as versões 'Immersion' com 5 discos e 'Experience' com 2 discos de Wish You Were Here, ambas incluindo material de bônus da banda dos shows em Wembley de 1974, incluindo uma versão ao vivo de 20 minutos de ‘Shine On You Crazy Diamond’, assim como uma gravação original de ‘Wish You Were Here’ com a participação especial do lendário violonista de jazz, Stephane Grappelli. Um vinil para colecionadores também estará disponível assim como em diversos formatos digitais.

Será lançado simultaneamente A Foot In The Door - The Best Of Pink Floyd, uma coletânea com as canções mais conhecidas da banda pela primeira vez reunidas em um álbum. A tão esperada versão 5.1 de ‘Wish You Were Here’, mixado por James Guthrie, também será lançada em paralelo pelo selo independente Acoustic Sounds.

The Wall, que já vendeu 25 milhões de álbuns duplos e se tornou um marco cultural e político das ultimas três décadas, ganhará o mesmo tratamento dos lançamentos anteriores, em 27 de Fevereiro de 2012, com um pacote de luxo ‘Immersion’ com 7 discos e a edição ‘Experience’ com 3 discos. Um vinil para colecionadores também estará disponível assim como em diversos formatos digitais.

O site oficial do Pink Floyd, www.pinkfloyd.com, passará por uma grande reformulação a partir de hoje. No Facebook, a banda já tem mais de 11 milhões de seguidores.

26 de Setembro:
Todos os 14 álbuns remasterizados em versões ‘Discovery’
Box-set com os 14 álbuns com livro de fotografias
Downloads de áudio dos álbuns em formato ‘Discovery’ e do box-set
The Dark Side of The Moon – Edições ‘Immersion’ e ‘Experience’, Vinil, e edições digitais.

7 de Novembro:
A Foot In The Door -The Best of Pink Floyd
Wish You Were Here – ‘Edições ‘Immersion’ e ‘Experience’, Vinil, e edições digitais.

27 de fevereiro de 2012:
The Wall – ‘Edições ‘Immersion’ e ‘Experience’, Vinil, e edições digitais.

Em 1967, a banda era formada por Syd Barrett, Roger Waters, Nick Mason and Richard Wright. Barrett saiu em 1968, sendo substituído por David Gilmour. Syd Barrett morreu em 2006; Richard Wright morreu em 2008. Pink Floyd já vendeu mais de 200 milhões de discos no mundo inteiro até hoje.
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Dicas para organizar sua biblioteca

| terça-feira, 3 de maio de 2011


1. Livros podem estar agrupados por gênero (romances policiais, literatura latino-americana), por autor ou por ordem alfabética (de nome ou de título). Mas você precisa descobrir como se sente melhor para procurar e encontrar sem demora os seus livros.

2. Livros de arte, como fotografia, dão volume e são sempre um prazer ao alcance dos olhos. Dê movimento à sua estante escolhendo alguns deles para deixar com a capa à mostra.

3. Livros com a capa danificada pedem encadernação nova – menos que se trate de uma raridade. Há quem encape vários livros com papel de uma mesma cor para dar à estante um aspecto mais organizado. Mas os verdadeiros amantes de livro ficam de cabelo em pé ao ouvir isso. Assumir que os livros têm cores e tamanhos diferentes é mais rico, sincero e benéfico para a sua decoração.

4. Coloque alguns volumes deitados e outros de pé. Essa disposição dá movimento à estante. Evite a monotonia.

5. A profundidade ideal para uma estante de revistas é de 25 cm. Uma medida maior deixaria um espaço vazio bom para acumular pó. Já os livros de arte pedem 35 cm. Deixe 40 cm de altura entre uma prateleira e outra – assim você acomoda desde pilhas de revistas até as edições maiores.

6. Empilhe as revistas por título, em ordem de lançamento – assim, a mais nova sempre estará em cima.

7. Revistas de assinatura mensal não devem formar pilhas de mais de três anos (36 exemplares). A consulta fica muito complicada.

8. As edições mais antigas precisam ceder espaço às mais novas. Faça uma doação. Em
escolas e hospitais elas são sempre bem-vindas.

9. Edições avulsas podem ser agrupadas. Se possível faça o agrupamento respeitando o tamanho e o assunto de que elas tratam.

10. Porta-retratos, bolas de vidro e outras peças queridas trazem equilíbrio quando dispostas junto aos livros. Agrupe os itens semelhantes e observe a simetria: se há um nicho com porta-retratos de um lado, faça um nicho de volume parecido do outro – com livros ou uma caixa.


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Dez trens turísticos que valem a pena conhecer

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 Rovos Rail (África) - Um safári pela África sobre trilhos. Antigos vagões reformados oferecem o conforto no que promete ser um dos mais luxuosos trens do mundo. O destaque é a viagem anual entre Cape Town, na África do Sul, e o Cairo, no Egito, cruzando o continente sobre trilhos em 34 dias


Furka Cogwheel Steam Railway (Suíça) - Existem diversas opções de trens de alta velocidade e sofisticação que cruzam os Alpes suíços. Mas para quem procura charme, o trajeto que liga Realp a Oberwald pode ser feito em um tradicional trem a vapor de mais de 80 anos restaurado por um grupo de aposentados da companhia ferroviária estatal


Alaska Railroad - EUA - Para quem gosta de frio extremo, o Alasca é uma ótima opção. A ferrovia liga Fairbanks a Anchorage, na costa sudoeste, em uma viagem de 12 horas entre montanhas e vales do inóspito estado. O trem promete ser a melhor opção de conhecer o topo de continente americano


Trem do fim do mundo (Argentina)- No extremo da América do Sul, um trem no Ushuaia, na Argentina, leva os turistas para conhecerem a cidade mais austral do mundo. O passeio começa na estação 'Fin del mundo', que dá nome ao passeio, passando pelas belezas naturais do Parque Nacional da Terra do Fogo. Abaixo, só a Antártida

Expresso do Oriente (Europa) - Famoso seja pela música dos Paralamas do Sucesso ou o livro de Agatha Christie, o Expresso do Oriente carrega o glamour dos tempos áureos em que ligava Paris à cidade de Constantinopla (hoje Istambul) na década de 30. Hoje o percurso vai de Londres até Veneza, passando pela capital francesa

 Eastern & Oriental Express (Ásia) - A versão asiática do Expresso do Oriente liga Bancoc, na Tailândia, até Singapura, cruzando a Malásia de ponta a ponta. Carregando o charme e o luxo do irmão europeu, o trajeto apresenta aos turistas as belezas naturais da região, contrastando com extensos campos alagados de plantação de arroz

Flam Railway (Noruega) - O percurso é de apenas 20 quilômetros e demora cerca de 60 minutos para ser percorrido, mas é uma complexa obra da engenharia ferroviária. A viagem é uma das mais íngremes do mundo, e leva os passageiros da montanha de Myrdal até o fiorde mais profundo da Europa, o Sognefjorden.


Trem da Morte (Bolívia) - Um dos caminhos preferidos dos mochileiros que vão a Machu Picchu, no Peru, o trem liga a cidade de Quijarro, fronteira com Corumbá (MS), à Santa Cruz de La Sierra. Apesar do nome, o trem já deixou de oferecer tanto perigo, mas é uma opção para mergulhar de cabeça na cultura do país


Qinghai-Tibet Railway (China) - É a ferrovia mais alta do mundo, chegando a cinco mil metros em relação ao nível do mar em Tanggula Pass, no Tibete. É a primeira a ligar a região autônoma a qualquer outra província chinesa, conectando Xining, em Qinghai, a Lhasa, no Tibete, por quase dois mil quilômetros de trilhos



Nariz del Diabo (Equador) - Os surfistas de trem cariocas podem se sentir em casa no Equador. Em Riobamba, a três horas da capital Quito, o trem percorre vales e montanhas da região central do país, apresentando detalhes da natureza e da vida indígena aos turistas, que ficam todos bem acomodados sobre os vagões
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Matéria especial: Johnny Cash

| segunda-feira, 2 de maio de 2011

John R. Cash,mais conhecido como Johnny Cash, (Kingsland, 26 de fevereiro de 1932 — Nashville, 12 de setembro de 2003) foi um cantor e compositor norte-americano de música country, conhecido por seus fãs como "O Homem de Preto". Em uma carreira que durou quase cinco décadas ele foi para muitas pessoas a personificação do country. Sua voz sepulcral e o distintivo som "boom chicka boom" de sua banda de apoio "Tennessee Two" são algumas de suas "marcas registradas".

Cash nasceu no estado do Arkansas, filho de um fazendeiro pobre. Sua família mudou-se pouco depois para uma fazenda em Dyess, no mesmo estado. O pai de Cash era alcóolatra e abusava física e emocionalmente de seus filhos. Com cinco anos de idade, Cash começou a trabalhar em um campo de algodão, cantando com sua família enquanto cultivavam. Ele era muito próximo a Jack, seu irmão mais velho, e um acidente ocorrido em 1944 o afetaria pelo resto de sua vida. Jack foi puxado por uma serra de madeira no moinho em que trabalhava, sendo quase partido ao meio. Jack ainda sofreria uma semana antes de morrer. Cash sempre falou da enorme culpa que sentia pelo incidente porque tinha saído para pescar nesse dia. Em seu leito de morte, o jovem teve visões do céu e de anjos, e quase sessenta anos depois do acontecido Cash ainda falava esperar encontrar Jack no paraíso. Suas memórias de infância eram dominadas pela música gospel. Cash começou a tocar violão e a compor ainda jovem. Ele passou a ser chamado de "John" depois de entrar para a Força Aérea Americana (que recusava iniciais como nome). Antes disso ele era conhecido como Johnny ou John R. Enquanto servia na Alemanha Cash compôs uma de suas músicas mais famosas, "Folsom Prison Blues".

Princípio de carreira

Depois de ser dispensado Cash casou-se com Vivian Liberto em 1954 com quem teria 4 filhas, mudou para Memphis, Tennessee, onde vendia ferramentas e estudava para ser locutor de rádio. Durante a noite, Cash tocava com o guitarrista Luther Perkins e o baixista Marshall Grant, enquanto criava coragem para visitar os estúdios da Sun Records para tentar conseguir um contrato. Um produtor da Sun, Cowboy Jack Clement, foi quem tratou com o jovem cantor da primeira vez, e sugeriu que Cash voltasse e conversasse com Sam Phillips. Depois de fazer um teste, cantando na maioria músicas gospel, Phillips disse à Cash para "voltar para casa e pecar, e depois voltar com uma música que eu possa vender". Cash conseqüentemente convenceria Clement e Phillips com suas canções frenéticas, e as gravações de "Hey Porter" e "Cry Cry Cry" (lançadas em 1955) tornar-se-iam um destaque nas paradas de sucesso Rock.No início da década seguinte ele se divorcia de Vivian Liberto.
Johnny Cash e June Carter, que foi sua segunda esposa.

A gravação seguinte de Cash, "Folsom Prison Blues", entrou para o Top 5 do country e "I Walk the Line" conseguiu a primeira colocação na mesma parada de sucesso. Em 1957 Johnny Cash tornou-se o primeiro artista da Sun Records a lançar um álbum completo. Embora fosse o cantor mais prolífico e mais lucrativo da gravadora na época, Cash começou a se sentir limitado por seu contrato. Elvis Presley já havia deixado o selo, e Phillips estava focando sua atenção em promover Jerry Lee Lewis. No ano seguinte, Cash saiu da Sun e acertou com a Columbia Records depois de uma lucrativa proposta. Ali, seu compacto "Don't Take Your Guns to Town" tornar-se-ia um de seus maiores sucessos.

Vício

Quando sua carreira começou a decolar no começo dos anos 60, Cash viciou-se em anfetaminas e barbitúricos. Seus amigos brincavam sobre seu "nervosismo" e comportamento estranho, ignorando os claros sinais de seu vício. Por um breve período, Cash dividiu um apartamento em Nashville com Waylon Jennings, também dependente de anfetaminas. Embora praticamente fora de controle, a criatividade frenética de Cash ainda conseguia criar hits. Sua "Ring of Fire" foi um tremendo sucesso, alcançando o primeiro lugar nas paradas country e entrando no Top 20 de canções pop. Co-escrita por June Carter e Merle Kilgore e originalmente cantada pela irmã de Carter, a música teve seu arranjo de trompete composto por Cash, que disse tê-lo ouvido durante um sonho.

Embora Cash cultivasse cuidadosamente sua imagem romântica de fora-da-lei, muitos fãs ainda se surpreendem ao saber que ele nunca cumpriu pena na prisão, apesar de sua selvageria e mau comportamento terem rendido a ele algumas noites na cadeia. O problema mais sério de Cash com a lei foi em 1965 quando um esquadrão antinarcóticos em El Paso, Texas, o pegou em flagrante. Os oficiais pensavam que Cash trazia heroína do México, mas na verdade eram apenas anfetaminas, escondidas na caixa de seu violão. Cash também foi preso no ano seguinte em Starkville, Mississippi, ao invadir propriedade privada para apanhar flores. O mais notável foi que Cash voluntariamente ia a diversas prisões para tocar para os presos, pelos quais ele sentia imensa compaixão.

Durante os anos 60 Cash lançou vários álbuns conceituais, como Bitter Tears, de 64 e Ballads Of The True West, de 65. Entretanto o vício continuava, e seu comportamento destrutivo provocou o divórcio, além de causar várias confusões durante seus shows.

Cristianismo

Os problemas pessoais e os desastres seguiram Cash em sua nova casa em Old Hickory Lake, Handersonville, Tennessee. A casa de seu vizinho e grande amigo, Roy Orbison, desabou, com a morte de dois dos seus três filhos caçulas. Cash foi profundamente afetado por esses incidentes, e decidiu começar a longa e difícil jornada rumo à reabilitação. Ele se trancou em casa para tentar se desintoxicar, contando com o apoio irrestrito dos amigos e da que se tornaria sua esposa nos próximos anos, June Carter. A balada romântica "Flesh and Blood" foi uma das primeiras de inúmeras músicas que Cash dedicaria à sua amada.

Com a ajuda da esposa e influenciado por uma conversão religiosa alcançada depois de uma tentativa fracassada de suicídio, Cash começou a batalha contra o vício. Nos dois anos seguintes ele gravaria e lançaria seus dois álbuns ao vivo mais bem-sucedidos, Johnny Cash at Folsom Prison, de 1968 e Johnny Cash at San Quentin, de 1969, mesmo ano do nascimento de seu primeiro e único filho homem, John Carter Cash.

"O Homem de Preto"

De 1969 a 1971 Cash estrelou seu próprio programa televisivo pela rede ABC, que contava com a participação de vários astros da música, como Neil Young e Bob Dylan. Cash apoiava o trabalho de Dylan antes mesmo de conhecê-lo, e os dois tornaram-se amigos depois de morarem na mesma vizinhança de Woodstock, em Nova Iorque, no final dos anos 60. Em complemento às aparições de Dylan em seu programa, Cash gravou um dueto com ele em Nashville Skyline, além de escrever o encarte do álbum vencedor do Grammy. Outro artista que recebeu grande apoio do The Johnny Carson Show foi o compositor Kris Kristofferson. Durante uma apresentação ao vivo da "Sunday Morning Coming Down" de Kristofferson, Cash provocou polêmica ao se recusar a mudar um dos versos para satisfazer os executivos da emissora, preservando intacta a canção com suas referências controversas à maconha: "On the Sunday morning sidewalks / Wishin', Lord, that I was stoned" ("Nas calçadas das manhãs de domingo / Pedindo, por Deus, que eu esteja chapado").

Imensamente popular e uma figura imponentemente alta, no começo dos anos 70 ele havia conseguido cristalizar sua imagem pública. Cash se apresentava na maioria das vezes vestido de preto, calçando uma bota igualmente preta de cano longo, o que o levou a ser apelidado de "O Homem de Preto". Esta vestimenta era um total contraste às usadas pela maioria dos astros country da época - chapéus, roupas claras e botas de caubói. Em 1971 Cash compôs a música "Man In Black" para tentar explicar um pouco seu estilo: "I wear the black for the poor and the beaten down, / Livin' in the hopeless, hungry side of town, / I wear it for the prisoner who has long paid for his crime, / But is there because he's a victim of the times" ("Eu me visto de preto pelos pobres e oprimidos/ Que vivem no lado faminto e sem esperanças da cidade / Eu me visto assim pelo prisioneiro que há muito pagou por seu crime / Mas está ali pois é uma vítima dos tempos").

Em meados dos anos 70 a popularidade e as canções de sucesso de Cash começaram a diminuir, mas ainda assim sua autobiografia, intitulada Man in Black (de 1975), vendeu 1,3 milhão de cópias. Sua amizade com Billy Graham levou à produção de um filme sobre a vida de Jesus chamado The Gospel Road, que Cash co-escreveu e narrou. Ele continuou a aparecer na televisão, estrelando um especial de Natal na CBS durante os anos 70.

Após o nascimento de seu único filho homem, John Carter Cash (1969), estrelou seu próprio programa musical televisivo pela rede ABC (1969-1971). Em 1980, aos 48 anos de idade, Cash tornou-se o mais jovem indicado ao "Hall da Fama da Música Country". Apesar disso, durante os anos 80 suas gravações não conseguiram provocar um impacto signficativo nas paradas musicais; ainda assim, ele continuava suas turnês bem-sucedidas. Durante esta década ele gravou e viajou com Waylon Jennings, Willie Nelson e Kris Kristofferson no grupo The Highwaymen.
Foi também durante essa época que Johnny Cash começou a participar, como ator, de uma série de filmes televisivos. Em 1981, ele estrelou The Pride Of Jesse Hallam e em 1983 no papel de um heróico xerife em Murder In Coweta County (filme baseado em um caso real de assassinato que Cash tentou por vários anos levar às telas).

Cash recaiu no vício no começo dos anos 80 depois de um ferimento no estômago, que o fez começar a abusar de drogas para aliviar as dores. Durante sua recuperação em 1986, ele se tornou amigo de Ozzy Osbourne, um dos cantores favoritos de seus treze filhos. Durante outra visita ao hospital - desta vez por causa de Waylon Jennings, que recuperava-se de um infarto - Cash decidiu, por sugestão de Jennings, fazer um check-up. Os médicos indicam uma cirurgia cardíaca preventiva. Durante sua recuperação Cash se recusou a tomar qualquer tipo de remédio, temendo viciar-se novamente. Ele recordaria mais tarde que durante a operação ele passou por uma experiência "próxima da morte". Cash disse que teve visões celestes tão belas que ficou com raiva quando acordou e percebeu que estava vivo.

Quando seu relacionamento com as gravadoras e com a indústria musical de Nashville começou a azedar, Cash chegou a entrar no terreno da auto-paródia (como no álbum Chicken In Black). Depois que seu contrato com a Columbia Records terminou, ele passou um breve e mal-sucedido período na Mercury Records.

Em 1986 Cash publicou seu único romance, Man in White, um livro sobre Saulo e sua conversão ao tornar-se o apóstolo Paulo.

Sua carreira ganhou novo fôlego nos anos 90. Embora indesejado pelas grandes gravadoras, Cash se aproximou do produtor Rick Rubin e ganhou um contrato com seu selo, American Recordings, mais conhecido por seus lançamentos de rap e hard rock. Sob a supervisão de Rubin, ele gravou em 1994 o álbum American Recordings em sua sala, acompanhado apenas do violão. O álbum foi aclamado pela crítica, enquanto as versões de Cash para sucessos de artistas modernos como Tom Waits e a banda de heavy metal Danzig ajudaram-no a conquistar um novo público. Foi o começo de uma década de recordes de vendas e grande sucesso comercial. Além disso, Cash e sua esposa apareceriam em diversos episódios do popular seriado de televisão Doctor Quinn Medicine Woman.

Para seu segundo álbum com Rubin, Unchained de 1996, Cash convocou o acompanhamento da banda de Tom Petty: o "The Heartbreakers". Em complemento às diversas composições de Cash, Unchained apresentava canções do Soundgarden ("Rusty Cage") e Beck ("Rowboat"), assim como a participação especial do baixista Flea, do Red Hot Chili Peppers. Embora tenha sido virtualmente ignorado pelas rádios de country e pelo meio musical de Nashville, Unchained ganhou um Grammy como o "Melhor Álbum Country". Cash e Rubin compraram um anúncio de página inteira na revista Billboard aonde sarcasticamente agradeciam à indústria da música country por seu apoio irrestrito, acompanhado de uma fotografia de Cash mostrando seu dedo médio.
Doença e morte
Em 1997 Cash foi diagnosticado com Síndrome de Shy-Drager, uma doença neuro-degenerativa - diagnóstico que mais tarde seria alterado para problemas no sistema nervoso associados à diabetes. Seu estado de saúde o forçou a encurtar uma turnê; ele foi hospitalizado em 1998 com grave pneumonia, que prejudicou seus pulmões. O álbum American III: Solitary Man, lançado em 2000, apresentava sua resposta à doença, representada por uma versão de "I Won't Back Down" de Tom Petty assim como uma releitura poderosa de "One", do U2.

Cash lançou American IV: The Man Comes Around em 2002, que consistia metade de material original e metade de covers, algumas bem surpreendentes. O videoclipe de "Hurt", canção composta por Trent Reznor do Nine Inch Nails, foi indicada em sete categorias do Video Music Awards da MTV, ganhando o prêmio de "Melhor Fotografia". Em 2004 "Hurt" também venceu o Grammy de "Melhor Videoclipe".
A esposa de Johnny, June Carter, faleceu de complicações decorrentes de uma cirurgia do coração em 15 de maio de 2003, aos 73 anos de idade.
Menos de quatro meses depois Johnny Cash morreu devido ao diabetes aos 71 anos de idade enquanto estava hospitalizado no Baptist Hospital em Nashville, Tennessee. Ele foi enterrado ao lado de sua esposa no Hendersonville Memory Gardens, perto de sua terra natal, Hendersonville, Tennessee.

Legado

Desde seus primórdios como um pioneiro do rockabilly e rock and roll nos anos 50 à sua transformação em um representante internacional da música country e até sua reconquista da fama nos anos 90 tanto como uma lenda viva como ícone do country alternativo, Cash influenciou incontáveis músicos e deixou um trabalho igualado apenas pelos maiores artistas de sua época.

Cash promovia e defendia os artistas que beiravam os limites do que era aceitável na música country, mesmo enquanto era o símbolo mais conhecido do estilo. Em um concerto em 2002 vários astros prestaram-no tributo, incluindo Bob Dylan, Chris Isaak, Wyclef Jean, Norah Jones, Willie Nelson e U2. Dois discos-tributo foram lançados pouco depois de sua morte: Kindred Spirits, com trabalhos de artistas famosos, e Dressed In Black, com versões de músicos menos conhecidos.
Embora ele tenha composto mais de uma centena de músicas e lançado dúzias de álbuns, o trabalho criativo de Cash não conseguiu ser silenciado por sua morte. Um box set, intitulado Unearthed, foi lançado postumamente. Incluía quatro CDs de matérial inédito gravado com Rubin, assim como um CD retrospectivo, nestes cds constam versões de músicas de Bob Marley, Cat Stevens, Simon and Garfunkel, sendo que um dos quatro cds de músicas inéditas trata-se de um álbum gospel, onde interpreta canções religiosas que sua mãe cantava para ele quando criança, conta ainda com Best of Cash on American. Johnny Cash American V: A Hundred Highways, com mais material das sessões com Rubin, foi lançado em 4 de Julho de 2006, trazendo canções do próprio Cash e mais covers de Bruce Springsteen e Hank Williams e chegou ao topo da parada da Billboard - o primeiro álbum de Cash a alcançar este posto desde "Johnny Cash at San Quentin" de 1969. Em 23 de Fevereiro de 2010 (três dias antes da data em que Cash faria 78 anos) saiu "American VI: Ain't No Grave", anunciado como contendo de fato as últimas gravações de Johnny Cash, que incluiam covers de Sheryl Crow e Claude Ely e músicas antes gravadas por Elvis Presley e Hank Snow.
Em 2005 foi lançado o filme Walk the Line (no Brasil Johnny & June) com Joaquin Phoenix no papel de Cash e Reese Witherspoon como June Carter, dirigido por James Mangold, uma biografia filmada. Filme que recebeu o Oscar de melhor atriz para Witherspoon e uma indicação de melhor ator para Joaquin Phoenix.
Em 2006, o quadrinhista alemão Reinhard Kleist lançou "Cash - I see a darkness", biografia em quadrinhos de Johnny Cash, abrangendo as décadas de 1950 e 1960, mostrando o início da carreira do cantor. O livro recebeu diversos prêmios, dentre os quais o de Melhor Graphic Novel alemã de 2008. Em outubro de 2009, o livro ganha sua edição em português, no Brasil, pela editora portoalegrense 8INVERSO. A Música 'Til Kingdom Come do álbum X&Y do Coldplay, lançado em 2005, foi escrita especialmente para que ele interpretasse. Contudo, ele morreu antes de ter a chance de entrar no estúdio.
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Faça a barba à moda antiga e aproveite os benefícios deste ritual

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Escritórios especializados em detectar tendências, como o WGSN e o Senac Moda Informação, já tinham cantado a bola. O desejo de resgate do passado é uma das mais importantes macrotendências do momento. A elegância masculina clássica ressurge não só nas roupas, como também nos cuidados com a aparência. O Hora H pega uma carona nesta onda retrô e mostra o prazer e as vantagens de fazer barba como antigamente.
 Toalha quente: o calor ajuda a abrir os poros e amacia os pelos, facilitando o trabalho de barbear
Tire os pelos da parte de baixo da boca

Em 2007 aconteceu a estréia de “Mad Men”, seriado americano ambientado em uma agência de propaganda fictícia do começo dos anos 1960. No Brasil, está no ar pelo canal HBO a quarta temporada. A história gira em torno da vida do publicitário Don Draper, interpretado por John Hamm, e mostra as mudanças de comportamento da América na época. Ganhou o status de seriado “cult” tanto pelo roteiro, quanto pelo cuidado com os cenários, figurinos e objetos de cena. Aclamada pela crítica, faturou treze Emmy e quatro Globos de Ouro.


O sucesso da série inspirou coleções tanto masculinas quanto femininas ao redor do mundo e trouxe de vários elementos que estavam em desuso, como o lenço no paletó, a gravata borboleta, o suspensório, entre outros. Como se passa numa época anterior a da preocupação excessiva com a aparência, mostra de forma mais natural como o homem pode estar elegante sem grandes exageros. Em resumo, roupas bem cortadas, atenção aos detalhes, corte de cabelos simples, barba bem feita.

A partir desta onda saudosista, começaram a surgir em Nova Iorque e Londres várias barbearias com cara de antigas, especializadas em cortes de cabelos das décadas de 50 e 60 e fazer barba com direito a navalha e toalhas quentes. No Brasil, estão virando moda em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e Vitória. A Barbearia 09 de Julho, dos sócios Tiago Cecco e Anderson Napoles, existe há quatro anos e representa bem esta tendência.

“Além de barbeiros profissionais, somos fãs da cultura das décadas de 40 a 60. Eu trabalhei em barbearias tradicionais em Londres e quando voltei ao Brasil acabei me tornando sócio do Tiago, porque queria uma barbearia como a 9 de Julho, com esta atmosfera antiga e com móveis e objetos originais de época”, explica Anderson.

A idéia deu certo, tanto, que depois de abrirem o salão numa galeria da Rua Augusta, eles inauguraram uma filial no Centro antigo de São Paulo e pretendem emplacar mais uma no Itaim ainda este ano.

“Na Augusta, nossa clientela é formada por jovens modernos que procuram cortes de cabelo clássicos com a lateral batida, bem militar como os da década de 40 ou com o topete clássico, tipo “rockabilly” da década de 50. No Centro, atendemos homens de 30 a 60 anos que trabalham em lugares mais formais e precisam estar sempre com a barba bem feita”, avalia Anderson.

Para entender como se faz uma barba à moda antiga, convidamos o jornalista Rodrigo Fernandes, 28, dono de um barba cerrada e que nunca tinha ido à uma barbearia, para um teste na 9 de Julho. Ele foi atendido por Rafael Sevilho, barbeiro há dois anos e que aprendeu o ofício com Tiago Cecco.

”No começo fiquei meio apreensivo quando vi a navalha, mas o Rafael passa muita segurança no manuseio. Depois com a toalha quente, a música, o ambiente, tudo vai te levando para outra época, a gente vai relaxando e é muito bom. A barba fica perfeita, muito diferente de quando fazemos em casa, pois sempre sobram alguns pelos aqui e ali. Quero voltar não só para fazer a barba, mas esperar o cabelo crescer um pouco e fazer um corte com eles”, avalia Rodrigo.

Rafael entende a preocupação de Rodrigo sobre o uso da navalha e aconselha a não tentar isto em casa. “A navalha foi substituída pela navalhete, que usa lâminas descartáveis e evita doenças transmissíveis por objetos cortantes. Mesmo assim são muito mais afiadas que as comuns”.

Para Anderson, no começo os clientes olham meio desconfiados para eles, pois são jovens e tatuados, num ambiente que remete a uma barbearia antiga. Depois, ganham a confiança e se tornam clientes fiéis. “Muita gente vem aqui por causa do ritual de fazer a barba e não só pela necessidade”.

Numa época tecnológica, onde tudo é feito de maneira instantânea, reservar um momento para que os outros cuidem de você, não é só nostalgia. É um raro prazer, que deve ser aproveitado cada minuto. As mulheres sabem disso há décadas. Nós já soubemos, mas esquecemos. Hora de relembrar!

Barbeiro é uma das profissões mais antigas do mundo, sendo que a navalha já era usada no Egito em 3500 a.C.. A Grécia antiga importou da Macedônia o costume de raspar a barba. A barbearia chegou a Roma em 296 a.C. e logo se tornou popular, tanto que a primeira barba feita de um jovem era considerada um ritual de passagem. Historicamente, as barbearias sempre foram consideradas um lugar de encontros sociais, divulgação de notícias, fofocas e debates.

No Brasil, mesmo com o declínio do número de barbearias tradicionais nos grandes centros, algumas resistem ao tempo, atendendo muitas vezes até três gerações da mesma família e mantém a mesma técnica artesanal de fazer a barba. Existem as mais novas que surgem com o espírito retrô, decoradas com mobiliário antigo e que mantém viva a tradição.
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Falar de Dostoiévski é sempre muito perigoso

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Falar de Dostoiévski é sempre muito perigoso, devido ao conflito de pelo menos duas naturezas. Em primeiro lugar e quase que obviamente, a dele: pantanosa, que escor­re por entre os dedos, completamente cerrada na contradição. Do outro lado, aquela de quem escreve crítica, geralmente ansiosa por algum encaixe, dotada de um certo hábito de dividir (ou englobar) as mais diversas manifestações. Quase que impossível união das duas, digamos, atitudes perante à vida, ou simplesmente à literatura. Mas existem lá e cá alguns pontos de contato.

É claro que Dostoiévski não escreveu nenhum “O que é arte?”, mas aquele sorri­so cúmplice, de canto de boca, de vez em quando aparece, durante alguma passagem de romance que supostamente não guarda nenhum ponto de vista ou teoria ou tentativa de organizar o mundo num pensamento mais ou menos claro. Essa última postura, aliás, é quase uma piada, sendo Fiódor Fiódor. Apesar disso, o que parece um contrasenso pode se tornar até mesmo cabível. Explico.

As questões filosóficas, morais, não estão num capítulo qualquer que se dedica a elas: encontram-se na vulgaridade quotidiana, permeando textos, correspondências, ma­nuscritos... e toma aqui “vulgaridade” seu contorno quase primário - o das ações corriqueiras. Um pouco porque, arrisco, o tal homem comum a Dostoié­vski não era simplesmente mais um severino; era, para além, capaz de agir humana e grandiosamente. Daí se extrai a possibilidade de as questões “elevadas” não tomarem seu lugar habitual, aquele pedestal inatingível aos meros mortais, aquele livro pomposo que de cujo título se apreende algo como “grandiosa teoria explicativa e elucidadora dos proble­mas da humanidade”.

Tampouco seus romances têm a pretensão revolucionária ou iluminista. Há de se adicionar a grande desconfiança em relação à representação - e a questão da “realidade” desempenha papel tônico -, e, como que por conseqüência, às falsas histórias e falsas narrativas, que se pretendem analisar a tudo e a todos gravemente e a sério do alto de suas torres de marfim. Da mesma maneira, geralmente impondo a poucas personagens que porventura obtiveram algum destaque histórico (seja um indivíduo, uma classe ou uma época), a capacidade, como que de antemão reservada a esses iluminados, de serem pródi­gos em suas atitudes.

Não existem teorias edificantes na prosa dostoievskiana. Tampouco simplificações grotescas, a fim de tornar o mundo menos caótico, ou pelo menos explicável segundo algum raciocínio maravilhoso. A verdade é que Dostoiévski não parte do pressuposto de que a não-linearidade das coisas mundanas seja necessariamente ruim: o caos não é neces­sariamente caótico e a doença não é necessariamente doentil.

Seu universo tende a apresentar uma lógica interna muito forte e o que em outros contextos seria invariavelmente absurdo, ali adquire contornos verossímeis, praticamente inquestionáveis. Contorcionismos de enredo, construções típicas em que encontros improváveis se dão para o agrado da finalidade específica da es­tória específica, a mocinha encontrou o mocinho, a malvada morreu, etc. etc. aparecem de quando em quando. Mas elas próprias adquirem seriedade e passam quase despercebidas: são parte desse mundo irreal e daquela lógica interna estranhíssima e, apro­ximo-me muito do anacronismo: exatamente por isso, encerram em si a realidade.

E então, me parece que estava certo Dostoiévski quando dizia que perseguir uma verdade fotográ­fica era perseguir uma mentira. Depois de tudo o que já foi dito sobre o autor e sua obra, tal afirmação parece adquirir conotação ainda mais abrangente: ele tanto não persegue a mentira dos textos folhetinescos (não se trata simplesmente de forjar um enredo mirabo­lante) quanto não se pretende realista em construções do tipo Madame Bovary acordou às onze horas e fazia calor, soprava uma brisa leve mas sufocante e balançava a ponta da cortina de renda.

Tal qual o erro pueril de um pintor moderno que se pretende realista ao retratar com muito esmero alguma natureza morta, a Dostoiévski, (de maneira análoga, mas pelo contrário) não interessava o trabalho mecânico dos escritores, suas descrições interminá­veis e impressionantemente detalhistas. Os tempos já não são os mesmos, a arte já não deve ser a mesma, inventaram a máquina e Michelângelo não seria Michelângelo senão no quinhentos.

Não se deve negligenciar, contudo, que existam construções de personagem de coerência aparente com aquilo que Dostoiévski acreditava ser “realismo” ou mesmo ca­racterísticas que já foram tidas como autobiográficas neste ou naquele trecho. Um escritor não é nunca absolutamente impessoal e aquela mencionada “lógica interna estranhíssima” também não é gratuita. Mas o cuidado deve sempre prevalecer, existe uma linha muito tênue entre os críticos deste escritor que merecem ser levados a sério e aqueles que aca­bam forjando algum manifesto filosófico próprio, independente de Dostoiévski, mas que se esquiva, ou tenta se esquivar, fazendo menções à sua obra. Como que uma versão um pouco grotesca, mas ainda assim análoga, ao famoso discurso sobre Púchkin, em que Dostoiévski não falou senão a respeito de si mesmo, usando de base, ou como mote inicial o assunto “Púchkin”. No fim das contas, manifestação do ego do crítico muito mais que algum juízo do objeto criticado.

O simbolismo, e notadamente o russo, foi importante luz a algumas facetas da obra dostoievskiana que foi ignorada por aquela primeira intelligentsia - o foco era sempre social, quase que materialismo dialético aplicado e não muita coisa além disso. Impossível entendê-lo somente através de processos históricos objetivos, mas é sempre bom lembrar que a subjetividade também só é capaz de abordar um dos lados do proble­ma.

E assim o é, se não toma-se o devido cuidado - plim! eis o maravilhoso mundo de explicações simplórias e de flertes com o misticismo: “Eu acho muito interes­sante pensar os tipos dostoievskianos como mote para análise psicológica do ser humano, seu realismo, por exemplo, mostra muito claro aqueles traumas vividos por cada um de nós...” ou ainda “Dostoiévski se dizia doente e por isso escrevia, por isso ia até o fundo da alma humana porque aí residiria a cura” ou tantas outras interpretações que de tão equi­vocadas, são até engraçadinhas. Claro que a postura acadêmica prevalece na maioria das vezes. Mas é preciso, antes de tudo, notar que papel e tinta a Dostoiévski não é divã. É preciso notar que não se trata de “curar” os doentes.

Existem, sim, aproximações com questões de ordem psicológica, mas de maneira notadamente existencialista (bem) antes de psicanalista ou freudiana - os existencialistas, e sobretudo os franceses, buscavam tratar dos problemas filosóficos, por assim dizer, como quem vê que o buraco é mais embaixo, que a vida é mais complexa que esta ou aquela teoria linear pode(ria) supor. Igualmente não se trata de discutir se M. Mersault matou os árabes porque possuía tal ou qual caráter porque não chorou no enterro de sua mãe. Que possam existir ligações entre todos esses fatos, sem dúvidas, mas não se deve tomá-las tão diretamente assim, como se a menor distância lógica entre dois pontos fosse uma reta. Certamente não o é em literatura. Menos ainda em Dostoiévski.

De qualquer forma, como dizia anteriormente, meu sorriso cúmplice veio justamente em algures de “Crime e Castigo” (1886), primeiro, vestido de Raskólhnikov, o "Rodka"; quase que neologismo derivado de “cisão”, historicamente como os dissidentes da Igreja Ortodoxa e de forma mais abrangente, os embebidos em contradição. Bref: aquela humanidade que tem a míni­ma consciência de si mesma. E é ele quem diz ao senhor Lújin, cuja intelectualidade é em muito forjada e além disso, noivo de sua irmã (de Raskólhnikov, não dele mesmo) que: desenvolva o senhor, até as suas conseqüências, aquilo sobre que acaba de dissertar, e verá como se pode matar toda a gente. Ao que acaba de dissertar, não existe interesse; a verdade é que não existe importância.

O que acaba de dissertar são todas aquelas coisas frívolas, fraquinhas mesmo, que se vê sempre por aí. E, sendo imaturas (porque freqüentemente o são por definição: o importante é a pompa), se tidas a sério, e até o suposto profeta ficará atônito, conclui-se que se pode matar toda a gente. Não se trata, mais uma vez, da “verdade” imediata; ninguém pretende discutir se é justo matar toda a gente, etc, etc. Acredito que nem mesmo Dostoiévski (que já foi acusado à pena de morte posteriormente transformada em pena de trabalhos forçados na Sibéria - mas esse é outro assun­to) perderia muito do seu precioso tempo - e era preciso escrever para ter de comer e comer para ter condições de escrever - em dar rodeios sobre a validade, seja do “olho por olho”, seja do direito romano, seja da pena de morte estadunidense que mata muitos inocentes e que, acredito eu, sequer existia àquela época.

E depois de tudo, parece que a única crítica possível a Dostoiévski é aquela que segue os mesmos caminhos emaranhados de sua prosa, dando voltas, sendo cuidadosa e muito próxi­ma da antítese. Sempre cautelosa, indispensavelmente atenta e escusando-se a todo momento.

por: Mariana Leme
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